A importância da saúde mental na prevenção de doenças cardiovasculares
Publicado em 22 abril de 2024.
As doenças cardiovasculares (DCV) constituem um conjunto de condições que afetam o coração e os vasos sanguíneos, tais como doença arterial coronariana, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca, arritmias cardíacas, doença arterial periférica, hipertensão arterial e doenças valvulares cardíacas.1
As DCV representam umas das principais causas de mortalidade em todo o mundo. Segundo informações atualizadas diariamente pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, no Brasil são mais de 1100 mortes por dia (cerca de 46 por hora). No entanto, estima-se que até 90% dos casos poderiam ser evitados através da prevenção dos fatores de risco e do tratamento adequado.1,2
Diversos fatores aumentam o risco de desenvolvimento das DCV, sendo os principais relacionados aos hábitos de vida, como o tabagismo, o sedentarismo e a má alimentação. Além disso a obesidade, o diabetes e o histórico familiar desempenham um papel significativo como fatores de risco.1
Fatores de risco que podem contribuir para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Adaptado de Shutterstock.com, 2024
Além dos fatores de risco tradicionais, a depressão e a ansiedade também têm sido reconhecidas como importantes fatores de risco para o desenvolvimento de DCV. Essas condições não afetam apenas o bem-estar mental, mas também desempenham um papel significativo no curso e na progressão das DCV. Entre os pacientes com DCV, a depressão e os transtornos de ansiedade são extremamente comuns. Cerca de 20 a 40% dos pacientes com DCV apresentam transtorno depressivo, sendo que a taxa de depressão em pacientes com DCV é 3 vezes maior do que na população em geral. A ansiedade pode ser ainda mais comum que a depressão, sendo que mais de 50% dos pacientes com DCV apresentam essa condição.3,4
Mas qual a relação entre depressão, ansiedade e o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares?
Existem diversas evidências que apontam a ligação entre transtornos mentais e DCV. Embora os mecanismos subjacentes ainda não estejam completamente esclarecidos, a associação entre essas condições pode ser explicada em grande parte pelos hábitos e comportamentos de vida dos indivíduos, assim como a algumas alterações biológicas que podem estar presentes.3
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, o impacto provocado pela depressão na saúde física é significativamente maior do que de outras doenças crônicas como artrite, asma e diabetes. Além disso, quando combinada com outra condição de saúde, esse impacto é ainda maior.5
Os indivíduos com transtorno depressivo comumente apresentam alterações psicológicas, emocionais e comportamentais que aumentam a propensão a hábitos de vida prejudiciais para a saúde, incluindo o consumo exagerado de bebidas alcoólicas, o tabagismo, o sedentarismo e a má alimentação associada à ingestão calórica diária mais elevada.3,6
Em relação aos mecanismos fisiológicos, a desregulação autonômica e do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, a inflamação e a disfunção endotelial são os principais fatores que relacionam a saúde mental com o risco de desenvolvimento ou agravo de DCV.7,8
A ansiedade provoca a ativação excessiva do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) e do sistema nervoso simpático (SNS). O HPA é uma via hormonal que regula a resposta ao estresse, enquanto o SNS é responsável pela resposta de “luta ou fuga” do corpo. Essa ativação excessiva resulta no aumento da liberação de catecolaminas (como adrenalina e noradrenalina) na corrente sanguínea, o que pode levar a uma série de efeitos fisiológicos, tais como o aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial.7,8
A depressão, por sua vez, está relacionada ao aumento dos níveis de citocinas inflamatórias (como proteína C reativa e interleucina-6) que desempenham um papel importante na patogênese de certos tipos de insuficiência cardíaca. Sendo assim, a depressão contribui para a inflamação sistêmica, que está associada a um maior risco de DCV.7,8
Além disso, a inflamação também prejudica a liberação de óxido nítrico, uma substância importante para o relaxamento dos vasos sanguíneos e para a regulação da pressão arterial. Isso pode levar à disfunção endotelial, que é um dos fatores associado ao desenvolvimento de doença arterial coronariana isquêmica em pacientes com aterosclerose.7,8
Então o que podemos fazer para melhorar a saúde mental e cardiovascular?
A saúde mental e cardiovascular estão intimamente interligadas, e o equilíbrio entre elas é fundamental para reduzir o risco de doenças crônicas. Nesse sentido, uma abordagem integrativa que considere tantos os aspectos psicológicos quantos os físicos é essencial para alcançar melhores resultados.5
Medidas que auxiliam na manutenção da saúde mental e contribuem para a saúde cardiovascular. Adaptado de Shutterstock.com, 2024
Algumas medidas que podem auxiliar nesse equilíbrio:
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Alimentação saudável: uma dieta balanceada e rica em frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras evita o aumento dos níveis de colesterol e da pressão arterial, ajudando a manter a saúde do coração e reduzir o risco de doenças cardiovasculares. Além disso, o consumo de alimentos ricos em ômega-3 e triptofano (presente principalmente em peixes como salmão e sardinha) auxilia na regulação do humor e melhora as funções cognitivas, portanto, tendo efeitos positivos na saúde mental.
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Prática regular de exercício físico: o exercício físico tem inúmeros benefícios para a saúde mental e do coração. A prática regular de atividade física ajuda a queimar calorias e a manter um peso saudável. Os exercícios aeróbicos (como corrida, natação e ciclismo) ajudam a fortalecer o músculo cardíaco e melhoram a circulação sanguínea, reduzindo o risco de DCV como hipertensão. Além disso, o exercício físico libera endorfinas e neurotransmissores que auxiliam na redução do estresse e da ansiedade, promovendo uma sensação de bem-estar e relaxamento, estando associado a uma redução do risco de depressão e outros transtornos mentais.
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Gerenciamento do estresse: o estresse crônico aumenta a liberação do hormônio cortisol, que a longo prazo pode ter efeitos prejudiciais ao corpo. Aprender técnicas de gerenciamento do estresse (como meditação, mindfulness, ioga ou respiração profunda) podem ajudar a diminuir os níveis desse hormônio e a reduzir os sintomas de ansiedade e depressão. Além disso, o estresse pode aumentar a pressão arterial, o que representa um fator de risco para doenças cardiovasculares. O gerenciamento eficaz do estresse promove uma vida mais equilibrada, contribuindo para a saúde mental e do coração.
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Evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool: o tabagismo e o álcool são fatores de risco para diversas doenças crônicas e podem prejudicar a saúde de forma geral a longo prazo.
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Buscar apoio profissional: buscar profissionais qualificados e realizar o diagnóstico precoce e o tratamento adequado pode reduzir significativamente os danos e complicações associados a essas condições. Além disso, os profissionais qualificados auxiliam os pacientes a entenderem melhor suas condições e lidar com seus sintomas de maneira mais tranquila.
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Suplementação: além dos tratamentos farmacológicos de primeira escolha, existem opções de suplementação que podem auxiliar no manejo de sintomas dos transtornos mentais e na prevenção das DCV.
Dentre as opções de suplementos que contribuem para a saúde cardiovascular destaca-se a Coenzima Q10. Devido às suas propriedades antioxidantes (principalmente a inibição da peroxidação lipídica), diversos estudos têm demonstrado a eficácia clínica da suplementação com CoQ10 na prevenção e no tratamento da aterosclerose, da hipertensão arterial e da insuficiência cardíaca, reduzindo a severidade de complicações associadas às DCV.9-11
Já o aminoácido L-arginina é um precursor na síntese de óxido nítrico (NO), uma substância que melhora o fluxo sanguíneo e a vasodilatação. Dessa forma, a suplementação com L-arginina auxilia na manutenção da função do endotélio vascular e pode ser utilizada na prevenção de DCV. Já a L-teanina é um aminoácido importante para o bom funcionamento do sistema nervoso central e para a regulação dos níveis de neurotransmissores – como o ácido gama-aminobutírico (GABA) – e pode ser utilizada para o manejo do estresse, da ansiedade e da depressão.12,13
A suplementação com 5-hidroxitriptofano (5-HTP), por sua vez, promove o aumento dos níveis endógenos de serotonina e favorece a manutenção da homeostase das funções moduladas por este neurotransmissor, promovendo uma melhora significativa do quadro clínico de indivíduos diagnosticados com transtornos como depressão e ansiedade.14
Amplamente utilizados há milhares de anos pela medicina popular, extratos de espécies vegetais como Rhodiola rosea e Crocus sativus são ricos em compostos bioativos com propriedades terapêuticas comprovadas para redução do estresse e da depressão. Além disso, apresentam efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes que auxiliam na prevenção de doenças cardiovasculares.15-18
As informações fornecidas neste blog destinam-se ao conhecimento geral e não devem ser um substituto para a orientação de um profissional médico ou tratamento de condições médicas específicas. As informações aqui apresentadas não têm o objetivo de diagnosticar, tratar, curar ou prevenir qualquer doença.
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