Alopecia androgenética: por que é mais comum em homens?
Publicado em 25 novembro de 2024.
A queda de cabelo, muitas vezes vista como um processo natural ao longo do tempo, pode ter um impacto significativo na autoestima e na qualidade de vida de quem a enfrenta. Desencadeada por uma série de fatores, sabe-se que aos 50 anos de idade, até 50% dos homens irão experienciar algum nível de calvície. Mas você já se perguntou por que a alopécia androgenética é mais comum entre os homens do que entre as mulheres? E, mais importante, você conhece as medidas que podem ser adotadas para preservar a saúde capilar?1
As fases de crescimento e renovação capilar
O desenvolvimento capilar é um processo cíclico dividido em quatro fases essenciais para o crescimento e renovação dos fios. A fase anágena é caracterizada pelo crescimento ativo, em que ocorre o alongamento contínuo das fibras capilares. Na fase catágena, ocorre a morte programada do bulbo capilar, que resulta na regressão do folículo piloso e interrupção do crescimento. A seguir, na fase telógena, o crescimento dos cabelos entra em repouso, sem que ocorra queda dos fios. Durante esse período, o bulbo capilar começa a se preparar para originar um novo fio e entrar novamente em fase anágena. Por fim, na fase exógena há o desprendimento e queda das fibras antigas, que serão substituídas por novos cabelos em crescimento.2,3
O crescimento e renovação capilar é dividido em fase anágena, catágena, telógena e exógena, e ocorre fisiologicamente de forma cíclica. Imagem adaptada de Shutterstock.com, 2024.
Mas afinal: por que a alopecia androgenética é mais frequente em homens?
A calvície é mais comum nos homens devido a uma combinação de fatores genéticos, hormonais e biológicos. A forma mais prevalente é a alopecia androgenética, que no sexo masculino está fortemente associada à ação dos hormônios andrógenos, particularmente a dihidrotestosterona (DHT).
A DHT é um metabólito do principal hormônio sexual masculino, a testosterona, formado a partir da ação de uma enzima chamada 5-alfa-redutase. O excesso de DHT pode provocar a miniaturização dos folículos capilares e alterar o ciclo de crescimento dos cabelos. À medida que os folículos se tornam progressivamente menores, ocorre um encurtamento da fase anágena (fase de crescimento) e um prolongamento da fase telógena (fase de repouso). Como resultado desse desbalanço, as fibras capilares tornam-se cada vez mais curtas e frágeis, não conseguindo emergir na superfície do couro cabeludo, o que leva à perda gradual de cabelo e, eventualmente, à calvície. 4
Esquema ilustrativo da conversão de testosterona em DHT e seu papel na miniaturização dos folículos capilares. Imagem adaptada de Shutterstock.com, 2024.
Dessa forma, um dos fatores biológicos que podem predispor à calvície androgenética é o aumento da sensibilidade dos folículos capilares aos hormônios masculinos circulantes, que ocorre devido à elevação da quantidade de receptores andrógenos no couro cabeludo. Além disso, a presença da enzima 5-alfa-redutase no couro cabeludo também possui um papel chave na regulação do crescimento capilar.
Outro fator que contribui significativamente para alopecia masculina é a predisposição genética. A herança dessa condição não segue um padrão de herança monogênica, ou seja, não está associada à variação de um único gene, apresentando-se como um fenótipo complexo. Nesse sentido, estudos indicam que há um aumento do risco de desenvolvimento de calvície em homens com pais portadores dessa condição. No entanto, esse risco também aumenta quando há histórico familiar de calvície do lado materno, o que indica que a alopecia paterna não é um pré-requisito para o desenvolvimento da condição. Em outras palavras, a predisposição genética pode ser herdada tanto pela linha paterna quanto pela materna, reforçando a natureza diversa dos fatores envolvidos na herança genética dessa forma de perda capilar.5,6
Além da genética e dos fatores hormonais
Embora a genética e fatores hormonais desempenhem um papel significativo na queda capilar, esses não são os únicos aspectos que podem influenciar esse desfecho. O estresse, alimentação inadequada, tabagismo, uso de certos medicamentos ou de anabolizantes podem contribuir para a queda dos cabelos. Por exemplo, o estresse pode provocar alterações hormonais, como o aumento do cortisol, que afeta a regulação do ciclo capilar. Enquanto isso, a falta de micronutrientes como vitaminas e minerais também pode impactar a saúde dos cabelos, uma vez que esses componentes exercem diversas funções, atuando como antioxidantes, anti-inflamatórios e auxiliando para a manutenção do crescimento saudável dos fios. O uso de anabolizantes, por sua vez, leva ao aumento dos níveis circulantes de testosterona e estradiol, levando a uma série de efeitos adversos que incluem a queda capilar. Dessa forma, é evidente que a adoção de um estilo de vida saudável é um importante aliado para preservar a saúde das fibras capilares.7–12
Mesmo assim, apenas esses cuidados podem não ser suficientes para os indivíduos predispostos ao desenvolvimento dessa condição. Nesse caso, é sempre importante lembrar que atualmente temos diversas alternativas disponíveis para o manejo e tratamento da calvície.6
Diversos fatores podem estar relacionados ao desenvolvimento da calvície, como genética, fatores hormonais e ambientais, estresse, alimentação inadequada, uso de anabolizantes e tabagismo. Todavia, além dos cuidados básicos, hoje já contamos com diversos tratamentos que podem auxiliar no manejo da calvície, como por exemplo o uso de medicamentos tópicos ou orais, suplementação, procedimentos cirúrgicos e terapias avançadas. Imagem adaptada de Shutterstock.com, 2024.
Principais estratégias de manejo para a calvície
Os tratamentos disponíveis para a calvície incluem: medicamentos tópicos ou orais, uso de suplementos, procedimentos cirúrgicos ou terapias avançadas, a depender das necessidades individuais de cada um. Entre os medicamentos, o minoxidil é um dos mais comumente utilizados para o tratamento da calvície, tanto em sua versão como base, quanto sulfato, que consiste em sua forma ativa. O minoxidil é um vasodilatador que promove aumento do fluxo sanguíneo no couro cabeludo, melhorando o aporte nutricional e contribuindo para o desenvolvimento dos fios. Além disso, estudos indicam que esse fármaco é capaz de prolongar a fase anágena, reduzir a fase telógena e promover a rápida transição da fase telógena para anágena, aumentando o crescimento e reduzindo a queda capilar. Além disso, os inibidores da 5-alfa-redutase como a finasterida e dutasterida também tem sido amplamente utilizados, uma vez que promovem a redução da conversão de testosterona à DHT.13–17
Além dos medicamentos, procedimentos como transplante capilar, terapias de luz, microagulhamento, e até mesmo tratamentos localmente injetáveis contendo plasma rico plaquetas ou exossomos podem ser utilizados de acordo com as preferências do paciente e extensão da perda de cabelo.17,18
Suplementos e outras abordagens no tratamento da calvície
Alguns suplementos oferecem abordagens naturais para o manejo da calvície. Esse é o caso do extrato dos frutos de Saw Palmetto, uma palmeira de pequeno porte (Serenoa repens) nativa da América do Norte. A ação desse ativo na melhora da densidade e crescimento capilar é atribuída à sua capacidade de inibir a enzima 5-alfa-redutase, além de bloquear a ligação do DHT aos receptores androgênicos nos folículos capilares. Além disso, vitaminas e minerais como vitamina D, vitamina C, vitamina B5, zinco e ferro podem auxiliar na manutenção da saúde dos fios. Por exemplo, a deficiência de vitamina D parece estar associada com o desenvolvimento precoce da alopecia androgenética, e outros estudos revelaram que essa condição também pode estar associada com a deficiência de zinco, ferro ou vitamina B5. 19–24
Além disso, alguns ativos de uso tópico têm sido recomendados para o tratamento da calvície, como por exemplo a melatonina, adenosina base e D-pantenol. Esses componentes podem influenciar positivamente o ciclo de crescimento capilar, promovendo o estímulo da fase anágena. Estudos indicam que esses ativos ajudam a melhorar a densidade capilar e reduzir a queda, tornando-os opções viáveis para complementar tratamentos tradicionais. 18,25–28
Dessa forma, temos hoje diversas soluções disponíveis para manejo da perda capilar e estimular o crescimento saudável dos fios. E você, está cuidando da saúde dos seus cabelos?
As informações fornecidas neste blog destinam-se ao conhecimento geral e não devem ser um substituto para a orientação de um profissional médico ou tratamento de condições médicas específicas. As informações aqui apresentadas não têm o objetivo de diagnosticar, tratar, curar ou prevenir qualquer doença.
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