Publicado em 18 de dezembro de 2023.

Visto que a alimentação moderna nem sempre coopera com a nossa digestão, a suplementação de enzimas digestivas surge como uma alternativa para melhorar a saúde gastrointestinal. Mas você sabe o que são as enzimas e como elas atuam? Acompanhe o nosso texto para descobrir em que situações elas podem ajudar.

Por que precisamos das enzimas digestivas?

Os alimentos são compostos de nutrientes que geralmente estão ligados uns aos outros e formam moléculas bastante grandes e complexas. No entanto, nosso corpo não consegue absorver essas moléculas tão grandes, sendo necessário quebrá-las em partes menores. Para isso, nosso organismo produz diversas enzimas – que funcionam como tesouras químicas, cortando ligações e liberando moléculas menores. Elas estão presentes em todo o trato digestivo, desde a boca até o intestino.

De maneira geral, as enzimas são especializadas e quebram um tipo específico de molécula (chamada de substrato). Enzimas que quebram proteínas são chamadas de proteases, as que quebram carboidratos são chamadas de carboidrases e as que quebram lipídeos (gorduras) são as lipases. Se quiser aprofundar a leitura, clique aqui.

Mas por que suplementar enzimas digestivas?

Existem algumas doenças que prejudicam a produção dessas enzimas. Algumas condições como o estresse, os hábitos alimentares ruins e o próprio processo de envelhecimento também podem afetar a produção de nossas enzimas digestivas, levando a desconfortos como inchaço e indigestão. Além disso, a absorção dos nutrientes também pode ser prejudicada, favorecendo o desenvolvimento de deficiências nutricionais.

Para avaliar se a suplementação é uma estratégia adequada e necessária, bem como determinar o tipo da enzima a ser suplementada e sua dosagem, é importante realizar uma avaliação individualizada do quadro apresentado pelo paciente. Para isso, o profissional prescritor – médico, nutricionista ou farmacêutico – deve ser consultado.

Prescrição enzimática

Como comentamos, a função de uma enzima é quebrar outras moléculas. Mas essa atividade pode variar de acordo com alguns fatores, como o pH e a temperatura de regiões específicas do trato gastrointestinal. Além disso, as condições de armazenamento e o transporte das enzimas digestivas disponibilizadas como insumos farmacêuticos podem influenciar sua eficiência na quebra de outras moléculas.

Dessa forma, quando tratamos de uma enzima, o ponto principal para estabelecer sua dosagem é a sua atividade enzimática e não necessariamente sua massa. Em outras palavras, imagine que 1 mg de uma enzima pode ser capaz de quebrar 100 moléculas em um minuto ou 10 moléculas nesse mesmo minuto. A dose dessa enzima hipotética deverá ser ajustada de acordo com sua atividade e não com o peso.

Para padronizar essa questão, os ensaios enzimáticos que permitem determinar a atividade enzimática foram descritos em duas monografias principais – o Food Chemical Codex (FCC) e a Farmacopeia Americana (USP-NF) – a fim de que seja garantida a qualidade e a consistência das atividades enzimáticas, expressas através de unidades específicas. Por esse motivo, há algum tempo recomenda-se a prescrição de enzimas digestivas utilizando a própria unidade de atividade correspondente.

O Conselho Nacional de Nutrição (CFN), por exemplo, por meio da Resolução nº 656/2020, estabeleceu que a prescrição de enzimas digestivas deve indicar a atividade enzimática em unidades de acordo com os compêndios oficiais, como as monografias do FCC e da USP-NF.

A prescrição das enzimas digestivas pode melhorar a digestão, a biodisponibilidade e a absorção dos nutrientes. Mas além disso, também pode reduzir os possíveis desconfortos gastrointestinais associados ao consumo de alguns alimentos específicos, como laticínios, trigo, legumes ou alimentos ricos em fibras, além de fortalecer o sistema imune, reduzindo a severidade de intolerâncias e alergias alimentares.

E você, sente algum desconforto quando ingere determinado alimento? Essa pode ser a hora de consultar seu profissional de saúde de confiança e conversar sobre como a manipulação de enzimas digestivas pode (ou não) ser adequada ao seu caso.