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Exercício físico de alta intensidade e anemia: qual a relação?

Publicado em 03 junho de 2024.

Embora na maioria das vezes os atletas sejam considerados indivíduos saudáveis, você sabia que a prática de exercício físico extenuante ou o déficit calórico inadequado podem alterar parâmetros hematológicos ou bioquímicos desses indivíduos e comprometer seu desempenho físico e a sua saúde em geral? Continue a leitura abaixo para entender de que forma o exercício físico pode gerar desequilíbrios no organismo e favorecer o desenvolvimento de anemia em atletas, bem como quais intervenções nutricionais e opções de suplementação podem auxiliar na prevenção e manejo dessa condição.1-3

O que é anemia?

A anemia pode ser definida como a redução dos níveis de hemoglobina e/ou de eritrócitos no sangue a valores inferiores àqueles necessários para suprir a demanda de oxigênio em todos os tecidos. Como consequência, ela acarreta a manifestação de diversos sintomas, incluindo fadiga, fraqueza e dificuldade de respirar. 1-3

A deficiência de ferro é uma das principais causas de anemia, visto que o ferro é um dos principais minerais envolvidos na eritropoese (formação das hemácias) e atua como um componente estrutural importante das moléculas de hemoglobina e mioglobina, sendo essencial para o transporte de oxigênio a todos os tecidos do organismo. Além disso, o ferro é necessário para a produção de energia e desempenha um papel importante na função imunológica. 1-3

Estudos demonstram que a deficiência de ferro é mais prevalente em indivíduos fisicamente ativos e atletas em comparação com a população sedentária, podendo levar ao desenvolvimento de anemia, especialmente em indivíduos que praticam atividades que exigem um alto nível de esforço físico e que elevam significativamente a frequência cardíaca – como corrida de média e longa distância, rugby, treinamento intervalo de alta intensidade (HIT) e levantamento de peso pesado. Mas quais são os fatores que influenciam a disponibilidade de ferro e o desenvolvimento de anemia nessa população? 1-3

Relação entre exercício físico e anemia

Diversos mecanismos têm sido propostos para explicar a relação entre deficiência de ferro e as alterações quantitativas na contagem de células sanguíneas induzidas pelo exercício físico extenuante. Dentre eles, destacam-se o aumento fisiológico da demanda desse mineral, a perda de ferro através dos fluidos biológicos, a hemólise por impacto e a inflamação. 1-3

Principais fatores que contribuem para a deficiência de ferro em atletas que praticam exercícios físicos extenuantes, e estratégias que podem auxiliar na prevenção de anemia nesses indivíduos. Adaptado de Shutterstock.com, 2024.

 

Aumento da demanda e necessidade de ajustes na alimentação

A prática de exercícios físicos intensos aumenta a demanda de ferro pelo organismo, e a alimentação é um dos principais fatores que influenciam a disponibilidade e absorção desse nutriente. Existem duas fontes principais de ferro na dieta, que se diferenciam pela sua origem e absorção. O ferro heme, derivado da hemoglobina e mioglobina, é encontrado em alimentos de origem animal – como carne vermelha, de aves e peixes. Devido à sua conformação estrutural (inserido em um anel porfirínico), o ferro heme apresenta alta biodisponibilidade e sua absorção é pouco afetada por outros fatores. O ferro não heme, por outro lado, é encontrado principalmente em alimentos de origem vegetal, como cereais, grãos, frutas e legumes. Sua biodisponibilidade é mais baixa e sofre influência significativa de outros componentes da dieta e de outros fatores (como o pH gastrointestinal) que podem reduzir sua absorção. Nesse sentindo, atletas que adotam dietas muito restritivas ou veganas, por exemplo, podem apresentar níveis reduzidos de ferro.  Além disso, a dieta também interfere na composição e equilíbrio da microbiota intestinal, e, portanto, na absorção e nos níveis de ferro no organismo.1-4

Perda de ferro através de fluidos biológicos

A realização de exercícios físicos de alta intensidade pode aumentar a perda de ferro através do suor, urina e fezes. Embora a sudorese seja uma resposta fisiológica importante para controlar a temperatura corporal, ela resulta na perda de eletrólitos, principalmente sódio e potássio. A sudorese intensa, por sua vez, também pode resultar na perda de ferro, chegando a até 2,5 microgramas desse mineral a cada litro de suor. 1-3 

Já a perda de ferro através de hematúria – presença de sangue na urina – ocorre devido às contusões decorrentes do contato repetido da parede posterior da bexiga com o colo vesical fixo (grupo de músculos que liga a bexiga à uretra). Essa condição é geralmente descrita após a realização de esportes de contato (como futebol, rugby e boxe) e em corredores de maratonas – onde é observado uma incidência de até 70%. 1-3

Ainda, o sangramento gastrointestinal é comum em atletas e está relacionada à colite isquêmica – redução temporária do fluxo sanguíneo para o cólon. Isso ocorre porque, durante o exercício físico, o fluxo sanguíneo do intestino é direcionado prioritariamente para os músculos, na intenção de atender sua alta demanda de nutrientes e oxigênio naquele momento. 1-3

Hemólise

A hemólise é a destruição dos glóbulos vermelhos devido ao rompimento de sua membrana plasmática, que acarreta na redução dos níveis de hemoglobina no sangue. Em atletas, essa condição ocorre principalmente em corredores de longas distâncias e maratonistas (sendo conhecida como ou “footstrike anemia” ou “anemia do corredor”), e está relacionada a microtraumas gerados pelo impacto repetitivo dos pés contra o solo, contração muscular repetida, vasoconstrição e distúrbios metabólicos – incluindo hipertermia, desidratação, hipóxia, hipotonia, acidose láctica e dano oxidativo. 1-3

Inflamação

Exercícios físicos de alta intensidade ou prolongados podem gerar um estado inflamatório como resposta natural do organismo ao esforço intenso e aos microtraumas musculares. Embora a inflamação seja importante para o reparo e fortalecimento muscular, os danos nas fibras musculares estimula um aumento dos níveis de citocinas e outras moléculas inflamatórias, como a interleucina-6 (IL-6). A IL-6, por sua vez, aumenta a síntese de hepcidina – um peptídeo produzido pelos hepatócitos e que regula a homeostase do ferro.4-8

 A hepcidina se liga à ferroportina – uma proteína presente na membrana celular de macrófagos, enterócitos e hepatócitos – e impede a saída de ferro das células, reduzindo sua disponibilidade no organismo. Acredita-se que o eixo inflamação-hepcidina seja o principal mecanismo responsável pela redução dos níveis de ferro em atletas. 4-8

Estratégias para prevenção e manejo de anemia em atletas

É importante ressaltar que, isoladamente, esses fatores não acarretam uma deficiência grave de ferro. Porém, em conjunto, podem levar à redução dos níveis desse mineral e ao desenvolvimento de anemia. Portanto, é recomendado que indivíduos que praticam exercícios físicos de alta intensidade monitorem regularmente os níveis de ferro no organismo através de exames de sangue.  Em casos de deficiência e mediante orientação de profissional de saúde habilitado, a suplementação de ferro e de ativos que auxiliam na sua absorção pode ser uma estratégia interessante para manutenção dos níveis adequados desse mineral no organismo. O metilfolato, em associação à metilcobalanina e ao ferro, contribui para o processo de hematopoise, participando da síntese de hemoglobina. Assim, a suplementação desses nutrientes pode auxiliar no tratamento da anemia.10

Já a lactoferrina regula a homeostase do ferro no organismo, podendo aumentar a absorção intestinal e biodisponibilidade em casos de deficiência ou, quando em excesso, diminuir a concentração plasmática, mantendo o equilíbrio dos níveis séricos desse micronutriente.11

Ainda, os aminoácidos BCAA – como L-valina e L-isoleucina – também participam do metabolismo do ferro e da eritropoiese em humanos, contribuindo para a síntese de hemoglobina nas hemácias. Estudos já demonstraram que pacientes com quadros de anemia apresentam deficiência sérica dos aminoácidos BCAA, fortalecendo a evidência de que a suplementação com esses aminoácidos pode contribuir para o tratamento e para a prevenção de quadros de anemia.12

No entanto, é importante destacar que o uso de suplementos por indivíduos com reservas de ferro dentro dos níveis considerados normais não é indicado, uma vez que o excesso de ferro pode acarretar prejuízos à saúde (como arritmia cardíaca, aterosclerose, infarto do miocárdio, câncer no fígado e cólon retal).

 

As informações fornecidas neste blog destinam-se ao conhecimento geral e não devem ser um substituto para a orientação de um profissional médico ou tratamento de condições médicas específicas. As informações aqui apresentadas não têm o objetivo de diagnosticar, tratar, curar ou prevenir qualquer doença.

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