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Exercício físico melhora a microbiota, ou vice-versa?

Publicado em 19 fevereiro de 2024.

 

Dois temas que adoramos falar aqui no blog: exercício físico e microbiota. Isso porque esses dois fatores influenciam diretamente a saúde e a longevidade. Mas será que eles também têm uma relação direta entre si? Acompanhe até o final para entender.

 

O que é microbiota mesmo?

Microbiota é o termo que define o conjunto de microrganismos que colonizam o nosso corpo. Hoje em dia, já sabemos que existem algumas particularidades dependendo da localização desses microrganismos, que podem caracterizar diferentes microbiotas – como a microbiota da pele ou da região genital. Mas, de maneira geral, quando escutamos falar de microbiota é da microbiota intestinal que estamos falando. Isso porque muitos estudos vêm demonstrando sua influência sobre diferentes mecanismos fisiológicos do nosso corpo, tendo um potencial de modular a saúde de diversas formas.

Dentre os efeitos já descritos da microbiota, um dos mais comentados é sobre a imunidade. Contudo, seus efeitos vão muito além disso, modulando o metabolismo, a saúde cardiovascular e até mesmo o processamento emocional (se quiser ler mais sobre isso, clique aqui. Mas e o desempenho físico, será que também tem relação com a composição da microbiota? Bem, se ela influencia o metabolismo, podemos apostar que sim, mas vamos entender o que a ciência já conseguiu demonstrar.

A microbiota e o exercício físico se relacionam de maneira bidirecional, pois um confere benefícios ao outro. Adaptado de Shutterstock.com, 2024.

 

O exercício físico é capaz de melhorar a microbiota?

Sim! Apesar de ser uma área de estudo relativamente nova e que está em ampla expansão, já existem diversas evidências que demonstram isso. Estudos observacionais já demonstraram que indivíduos fisicamente ativos e atletas possuem uma maior diversidade microbiana de gêneros associados a benefícios à saúde como Akkermansia, Veillonella e Prevotella. 1

Também já foi demonstrado que pessoas obesas, hipertensas e saudáveis apresentam perfis diferentes quanto à composição da microbiota intestinal. Mas o mais legal é que podemos mudá-lo apenas incorporando o exercício físico à rotina. Um estudo com animais representando esses três perfis (obesos, hipertensos e saudáveis) demonstrou que um protocolo de treinamento de 30 minutos por dia na esteira, 5 vezes por semana, durante 4 semanas, foi suficiente para modular a microbiota, reduzindo a proporção de cepas bacterianas patogênicas e aumentando as consideradas benéficas. 2

Apesar da necessidade de mais trabalhos para esclarecer completamente como isso funciona, evidências iniciais apontam que uma das respostas pode ser o lactato. Um trabalho demonstrou que o lactato produzido nos músculos durante exercícios anaeróbios é capaz de chegar ao intestino por meio da circulação sanguínea e pode influenciar indiretamente na microbiota. Isso porque o lactato confere uma vantagem aos gêneros bacterianos que o consomem e costumam residir no cólon. Em resposta, esses microrganismos produzem mais ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), que conferem benefícios à saúde humana. 1

 

E a microbiota, pode melhorar o desempenho físico?

A resposta para essa também é positiva. As evidências vêm demonstrando que essa relação é bidirecional, uma vez que o exercício físico melhora a microbiota e a microbiota também pode ajudar a melhorar a capacidade física.

A composição e a atividade metabólica da microbiota intestinal podem auxiliar na digestão dos nutrientes ingeridos através dos alimentos. Assim, diferenças no perfil dos microrganismos podem influenciar, por exemplo, no aproveitamento de energia proveniente da alimentação, o que influencia indiretamente no desempenho durante o exercício físico e na recuperação muscular. 3

Já foi demonstrado, por exemplo, que a atividade das vias associadas ao metabolismo de carboidratos e aminoácidos é maior na microbiota de atletas, comparados com sedentários. Além disso, já está estabelecido que o exercício físico regular favorece o crescimento de bactérias produtoras de AGCC (propionato, butirato e acetato). O butirato é usado principalmente pelas células epiteliais do cólon, como fonte de energia; o acetato é metabolizado no tecido muscular, mas também pode atravessar a barreira hematoencefálica e o propionato pode ser usado como precursor da síntese de glicose hepática. Além disso, os AGCC melhoram a integridade da barreira intestinal, reduzindo parâmetros inflamatórios, o que também pode contribuir para recuperação pós-exercício. 1

 

Existem outras formas de modular a microbiota?

De maneira geral, a modulação da microbiota intestinal pode ser feita de diversas formas, envolvendo inúmeros fatores relacionados ao estilo de vida. O principal deles é a alimentação, mas o sono, o manejo de estresse, dentre vários outros, também são importantes.

Uma opção para modular a microbiota de maneira mais rápida e direcionada é através da suplementação. Nesse sentido, as opções manipuladas trazem a grande vantagem de uma abordagem individualizada, que pode ser totalmente ajustada às particularidades e aos objetivos de cada pessoa. Para isso, estão disponíveis diversas opções de probióticos, prebióticos e paraprobióticos, além das possibilidades de combinações entre eles. Se quiser aprofundar sua leitura sobre isso, clique aqui.

E você, já conhecia essa relação?

 

As informações fornecidas neste blog destinam-se ao conhecimento geral e não devem ser um substituto para a orientação de um profissional médico ou tratamento de condições médicas específicas. As informações aqui apresentadas não têm o objetivo de diagnosticar, tratar, curar ou prevenir qualquer doença.

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