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Imunidade e intestino: você conhece a relação?

Publicado em 17 de fevereiro de 2021.

Nos últimos anos o intestino deixou de ser considerado um órgão responsável apenas pela digestão de alimentos e absorção de nutrientes, e vem ganhando destaque também por seu papel importante na modulação do sistema imunológico e na proteção do organismo contra estímulos (biológicos, químicos ou físicos) prejudiciais à saúde. Ainda, tem sido demonstrado que a função imunomoduladora do intestino depende da integridade da barreira intestinal e do funcionamento do tecido linfoide associado ao intestino, bem como de sua interação com a microbiota intestinal.1,2

Com uma área de aproximadamente 300 m2, o epitélio intestinal é a maior superfície mucosa do corpo humano, sendo formado por uma única camada de células organizadas em criptas e vilosidades. Uma vez que, através da ingestão de alimentos, o organismo humano está constantemente exposto a toxinas, antígenos e microrganismos patogênicos, o epitélio intestinal atua como uma barreira física, evitando que o conteúdo presente no lúmen intestinal se difunda para outros tecidos ou órgãos e comprometa a sua homeostase. Ainda, células epiteliais especializadas – como as células caliciformes e as células de Paneth – secretam glicoproteínas (mucinas) e peptídeos antimicrobianos para o muco intestinal, formando uma barreira química que impede a proliferação e disseminação de microrganismos patogênicos.1,2

Representação anatômica do lúmen do intestino delgado, evidenciando as vilosidades na superfície do epitélio intestinal, as células epiteliais com sua microvilosidades, e a rede de vasos sanguíneos e linfáticos que irrigam este órgão.

Além disso, o tecido linfoide associado ao intestino (GALT, do inglês “gut-associated lymphoid tissue”) também contribui significativamente para a proteção do organismo, garantindo a eliminação de patógenos. O GALT é um componente do sistema imunológico localizado no trato gastrointestinal, mais especificamente na lâmina própria – tecido conjuntivo que se encontra abaixo do epitélio intestinal. É composto por linfócitos intraepiteliais, folículos linfoides isolados, Placas de Peyer e linfonodos mesentéricos, responsáveis pelo reconhecimento de antígenos presentes no lúmen intestinal, bem como pela síntese e liberação de citocinas, quimocinas e anticorpos.3,4

Os linfócitos intraepiteliais são linfócitos T localizados entre as células do epitélio intestinal que, além de estarem em contato direto com antígenos no lúmen intestinal, também se comunicam com extensões citoplasmáticas de células dendríticas envolvidas no reconhecimento, processamento e apresentação de antígenos. Os folículos linfoides isolados, por sua vez, são aglomerados de células imunes localizados imediatamente abaixo do epitélio intestinal. Já as Placas de Peyer são importantes para o início das respostas imunes adaptativas no GALT (produção de anticorpos e memória imunológica), sendo constituídas por um grande número de linfócitos T e B, macrófagos e células dendríticas, organizadas como folículos de linfócitos B com áreas intermediárias de linfócitos T.5-7

O epitélio intestinal que recobre tanto as Placas de Peyer quanto os folículos linfoides isolados possui um tipo especializado de células epiteliais (“Microfold cells”, ou células M), envolvidas no transporte de antígenos do lúmen intestinal, incluindo proteínas solúveis, partículas inertes e microrganismos. Desta forma, as células M permitem que as células dendríticas e macrófagos teciduais capturem estes antígenos para serem transportados até as Placas de Peyer e os folículos linfoides, desencadeando as resposta imunes.5-7

Por fim, os linfonodos mesentéricos também são constituintes importantes do GALT. São pequenos órgãos de formato oval (chamados de glândulas linfáticas) compostos por um grande número de linfócitos T e B envoltos em uma cápsula fibrosa, e também participam das respostas imunes adaptativas ao entrarem em contato com antígenos carreados através da linfa.5-7

O tecido linfoide associado ao intestino (GALT) é composto por linfócitos intraepiteliais, folículos linfoides isolados, Placas de Peyer e linfonodos mesentéricos, responsáveis pelo reconhecimento de antígenos presentes no lúmen intestinal, bem como pela síntese e liberação de mediadores químicos e anticorpos envolvidos na regulação das repostas imunes.7

Além de desempenhar um papel importante na eliminação de microrganismos patogênicos e de antígenos provenientes do ambiente externo, o GALT também exerce um impacto significativo sobre a resposta imune sistêmica do organismo. Este efeito, por sua vez, é influenciado diretamente pela microbiota intestinal – composta por cerca de 160 espécies diferentes de microrganismos comensais (principalmente bactérias, mas também fungos, protozoários e vírus), que regulam inúmeras funções fisiológicas. Neste contexto, estudos vêm demonstrando que a microbiota intestinal estimula o desenvolvimento do GALT e, com isso, contribui para os processos de tolerância e memória imunológica.8,9,10

Ao serem translocados pelo epitélio intestinal através das células M, os antígenos de microrganismos que colonizam a microbiota intestinal são detectados por receptores de reconhecimento de padrões (PRRs) em células dendríticas e macrófagos teciduais, resultando na ativação de células do sistema imune inato e adaptativo presentes nos folículos linfoides isolados e nas Placas de Peyer. Desta forma, desencadeiam a síntese de anticorpos, citocinas e peptídeos antimicrobianos que auxiliam na neutralização de antígenos nocivos e patógenos, bem como no desenvolvimento de tolerância a microrganismos comensais e benéficos ao organismo humano. Este mecanismo contribui não apenas para a manutenção da homeostase intestinal como também para a melhora da resposta imune em todo o organismo, visto que algumas células do GALT podem migrar para tecidos distantes através dos linfonodos mesentéricos e, assim, exercer efeitos imunomoduladores sistêmicos.3,9-12

Por outro lado, a disbiose (desequilíbrio) da microbiota intestinal tem sido associada ao comprometimento das respostas imunes, que pode contribuir para o desenvolvimento de diferentes tipos de alergias e doenças autoimunes, incluindo artrite reumatoide e lúpus eritematoso sistêmico. Assim, cada vez mais a suplementação com probióticos emerge como uma intervenção terapêutica interessante já que, dentre outros efeitos, melhora a composição da microbiota intestinal e, como consequência, pode contribuir para a melhora das respostas imunes mediadas pelo GALT, resultando em diversos benefícios à saúde. Neste contexto, inúmeros estudos demonstram que a suplementação com diferentes espécies de microrganismos probióticos (incluindo bactérias dos gêneros Bifidobacterium e Lactobacillus) estimula as funções imunológicas, promovendo um aumento no número de linfócitos T imaturos responsivos a novos antígenos, bem como aumento da atividade de linfócitos NK e da fagocitose mediada por granulócitos.3,8,9,13,14-19

Por definição, probióticos são microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro. Entretanto, recentemente tem sido demonstrado que a suplementação com microrganismos inativados e não viáveis também é uma opção terapêutica eficaz no manejo de diferentes condições clínicas, visto que estimula o melhor funcionamento do sistema imunológico e das respostas de defesa do organismo. Além disso, apresentam um perfil de segurança adequado para administração em populações específicas, como indivíduos imunocomprometidos e pacientes pediátricos e neonatos.20

 

A linha SynbiOFF® é composta por cepas probióticas isoladas de bactérias do gênero Lactobacillus (Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus casei, Lactobacillus plantarum e Lactobacillus rhamnosus) obtidas a partir de um processo de tratamento térmico denominado tindalização. Esse método de esterilização por calor úmido, semelhante à pasteurização, promove a inativação destes microrganismos sem afetar a integridade de suas membranas celulares.

As cepas de SynbiOFF® atuam por 3 mecanismos distintos para promover a melhora do funcionamento do sistema imunológico:

1. Mimetismo molecular e exclusão competitiva: uma vez que o tratamento térmico não interfere com a integridade da membrana celular, as cepas de SynbiOFF® aderem às microvilosidades do epitélio intestinal, inibindo a colonização e proliferação por patógenos;

2. Efeito prebiótico: SynbiOFF® restaura a homeostase da microbiota residente e promove o crescimento das espécies comensais, como Lactobacillus e Bifidobacterium;

3. Imunomodulação: as cepas de SynbiOFF® ativam a cascata de sinalização do sistema imune inato ao interagirem com os receptores de reconhecimento de padrões (PPRs) – especialmente os receptores toll-like (TLR) presentes na membrana de células epiteliais intestinais.

Desta forma, a suplementação com SynbiOFF® pode ser uma utilizada visando a prevenção e o tratamento de uma variedade de doenças, visto que promove diversos efeitos benéficos à saúde ao modular as respostas imunes no organismo.

A interação entre as cepas de SynbiOFF® com receptores toll like (TLR) presentes na membrana das células epiteliais intestinais desencadeia a ativação de uma cascata de sinalização intracelular, mediada pela ativação do fator de transcrição NF-κB (fator nuclear kappa B), de proteínas quinases ativadas por mitógenos (MAPK) e de fatores de resposta ao interferon (IRFs). Com isso, promove o aumento dos níveis de interleucinas e outros mediadores químicos relacionados à resposta imune eficaz e coordenada.

 

As informações fornecidas neste blog destinam-se ao conhecimento geral e não devem ser um substituto para a orientação de um profissional médico ou tratamento de condições médicas específicas. As informações aqui apresentadas não têm o objetivo de diagnosticar, tratar, curar ou prevenir qualquer doença.

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