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Microbiota e câncer de mama: conheça essa conexão

Publicado em 02 de outubro de 2023

A modulação da microbiota intestinal é um dos assuntos em alta no momento. Isso porque, nesta última década, diversas pesquisas têm demonstrado que a nossa relação com os microrganismos que habitam nosso corpo vai muito além de uma simples coexistência. Hoje sabemos que os hábitos de vida de cada indivíduo são capazes de modular a composição e a atividade metabólica do conjunto de bactérias, vírus e fungos que colonizam seu organismo. Também sabemos que a composição da microbiota e os produtos metabólicos de seus microrganismos influenciam o funcionamento do corpo humano de diversas formas.

Dentre os efeitos já descritos na literatura científica, podemos citar a modulação do metabolismo energético, a regulação da resposta imunológica e até mesmo a saúde mental. Mas e o câncer de mama? Será que também sofre influência da microbiota? Aproveitamos o gancho da campanha Outubro Rosa para trazer alguns pontos já revelados nas pesquisas.

 

Isso faz sentido?

Muitos podem pensar que os microrganismos que residem no intestino não têm ligação alguma com tumores no tecido mamário, mas eles podem ter muito a ver sim. Um dos principais fundamento disso é que as substâncias produzidas por eles permeiam a parede do intestino e chegam à corrente sanguínea, podendo ser transportadas para qualquer parte do corpo humano.

 

Sistema imunológico e inflamação

A microbiota intestinal desempenha um papel crítico na manutenção do equilíbrio do sistema imunológico e na regulação da inflamação no corpo. Estudos recentes sugerem que um desequilíbrio na microbiota – conhecido como disbiose – pode estar associado a um aumento do risco de câncer de mama. A inflamação crônica, muitas vezes desencadeada pela disbiose, cria um ambiente mais propício para mutações de células mamárias e a formação de tumores. 1

 

Metabolismo do estrogênio

No caso de alguns dos tumores mamários, a sinalização do hormônio estrogênio pode ser um estímulo para o crescimento da massa tumoral. E aí está um dos principais problemas relacionados à microbiota.

No metabolismo natural do estrogênio, após sua ação no corpo ele será preparado para eliminação no fígado. Essa preparação envolve a glicuronidação do estrogênio – de maneira simplificada, ele é inativado ao ser associado com outra molécula – para posterior eliminação junto com a bile, que será secretada no intestino, e de lá será eliminado pelas fezes.

No entanto, algumas bactérias que podem estar presentes no intestino – como espécies das famílias Clostridia e Ruminococcaceaetêm a capacidade de quebrar essa ligação, liberando o estrogênio ativo novamente no intestino. Uma vez liberado, o estrogênio pode ser reabsorvido, voltando para circulação sanguínea e alterando os níveis desse hormônio no corpo. Além disso, algumas bactérias também têm a capacidade de produzir no intestino outros metabólitos semelhantes ao estrogênio, podendo induzir a síntese de fatores de crescimento que podem ter um potencial carcinogênico. 1,2

 

A microbiota intestinal pode influenciar o metabolismo do estrogênio. Adaptado de Shutterstock.com, 2023.

 

A suplementação

A boa notícia é que algumas medidas podem ser tomadas para manter a microbiota intestinal saudável e, assim, reduzir o risco de câncer de mama. A suplementação é uma dessas medidas. A incorporação de probióticos e prebióticos na dieta pode ajudar a restaurar o equilíbrio da microbiota, fortalecendo as defesas naturais do corpo e reduzindo a inflamação crônica. 3

Além disso, certos suplementos nutricionais, como vitamina D e ácido fólico, podem ser benéficos para a saúde mamária. A vitamina D desempenha um papel na regulação do sistema imunológico e pode contribuir para a redução do risco de câncer de mama. O ácido fólico é essencial para a saúde das células e pode ajudar na prevenção de mutações genéticas associadas ao câncer. 4,5

A relação entre a microbiota intestinal e o câncer de mama é um campo empolgante da pesquisa médica. Embora ainda haja muito a aprender, a modulação da microbiota através da suplementação e da manutenção de um estilo de vida saudável oferece uma promissora abordagem preventiva para reduzir o risco desta doença devastadora.

Consultar um profissional de saúde para orientação personalizada é essencial ao considerar qualquer forma de suplementação. Lembre-se sempre de que a prevenção e a detecção precoce são cruciais na luta contra o câncer de mama.

 

   

As informações fornecidas neste blog destinam-se ao conhecimento geral e não devem ser um substituto para a orientação de um profissional médico ou tratamento de condições médicas específicas. As informações aqui apresentadas não têm o objetivo de diagnosticar, tratar, curar ou prevenir qualquer doença.

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