Lipedema e exercícios físicos: quais são os mais indicados?
Publicado em 16 dezembro de 2024.
Recentemente, o lipedema tem ganhado destaque nas discussões sobre saúde. Essa condição crônica e progressiva do tecido adiposo afeta principalmente mulheres e pode ocasionar uma série de sintomas, envolvendo inchaço, dor nas áreas acometidas, cansaço, facilidade para desenvolver hematomas e baixa autoestima. Apesar de não ser uma doença nova, ainda há muitas dúvidas sobre as formas de tratamento do lipedema, e quais atividades podem auxiliar ou agravar o quadro. Nesse sentido, será que os exercícios físicos podem ajudar a aliviar esses sintomas? E, mais importante, existem atividades que devem ser evitadas por quem tem lipedema? Continue lendo para descobrir as respostas e aprender mais sobre o papel dos exercícios no manejo dessa condição.
Afinal: o que é o lipedema?
O lipedema é uma doença crônica e inflamatória do tecido adiposo subcutâneo, caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura. Embora afete principalmente os membros inferiores, também pode acometer os braços, se manifestando através do aumento simétrico dos membros, sem afetar as mãos, o tronco ou os pés. A condição predomina no sexo feminino, acometendo cerca de 11% das mulheres após a puberdade. O diagnóstico em homens não é comum, e geralmente está associado a quadros de hipogonadismo ou doenças hepáticas, em que ocorre aumento dos níveis de estrogênio e queda de testosterona.1,2
Fisiopatologia do lipedema
Apesar da etiologia do lipedema não ser completamente compreendida, acredita-se que o seu desenvolvimento seja resultado da interação entre uma série de fatores genéticos, hormonais, inflamatórios, vasculares e linfáticos.
Sintomas como inchaço, dor e facilidade para desenvolver hematomas resultam de alterações estruturais e funcionais no tecido adiposo, como inflamação, hiperproliferação de adipócitos, acúmulo excessivo de líquidos e fibrose. Além disso, a microangiopatia, uma condição que envolve danos nas paredes dos pequenos vasos sanguíneos, desempenha um papel importante ao promover fragilidade capilar, o que facilita a formação de hematomas. Essa alteração vascular compromete a entrega adequada de oxigênio e nutrientes aos tecidos, além de aumentar a permeabilidade dos vasos. Esses efeitos, quando somados aos danos no sistema linfático que surgem com a progressão da doença, resultam no edema crônico característico do lipedema.1–3
Outro ponto importante é o histórico familiar, que se trata de um fator relevante no desenvolvimento do lipedema, sendo que até 60% das pacientes relatam a presença da condição em outros membros da família, sugerindo uma forte predisposição hereditária e indicando que a condição pode ser transmitida de geração em geração. Além disso, os fatores hormonais desempenham um papel crucial, já que o lipedema costuma se manifestar em fases da vida caracterizadas por alterações hormonais mediadas por estrogênio, como a puberdade.2,4,5
O estrogênio é um hormônio esteroidal responsável pelo desenvolvimento das características sexuais femininas, e está intimamente associado com o padrão feminino de distribuição de gordura corporal, em que ocorre o acúmulo de tecido adiposo principalmente na região dos quadris, glúteos e pernas. Dessa forma, acredita-se que a habilidade desse hormônio em modular o metabolismo lipídico nessas regiões desempenhe um papel relevante para a progressão da doença.2,6,7
Tipos e estágios do lipedema
O lipedema pode ser classificado em cinco tipos, de acordo com a área do corpo afetada. No tipo I, o acúmulo de gordura concentra-se nos quadris e nádegas. No tipo II, a gordura é distribuída na área abaixo da cintura até os joelhos, com ênfase nas coxas. No tipo III, esse acúmulo estende-se até os tornozelos, afetando toda a região inferior do corpo, exceto os pés. O tipo IV envolve os membros superiores, podendo ou não acometer também os inferiores. Finalmente, no tipo V, o acúmulo de gordura ocorre apenas na parte distal das pernas, entre os joelhos e tornozelos, sem afetar as coxas ou pés.3,5,8
Com base na progressão da doença, o lipedema é classificado em quatro estágios. O estágio 1 apresenta sintomas mais brandos, como nódulos de gordura sob a pele, dor e hematomas. Já no estágio 4, o mais severo, ocorre comprometimento da mobilidade, além de linfedema associado, caracterizado pelo acúmulo de líquidos devido à disfunção do sistema linfático.2,9
O lipedema apresenta diversos tipos e estágios, de acordo com a área afetada e progressão da doença, respectivamente. Imagem adaptada de Shutterstock.com, 2024.
Manejo do lipedema
Atualmente, o manejo do lipedema é realizado a partir da aplicação de medidas não invasivas, que se baseiam no controle de peso, melhora da circulação e do edema – incluindo dieta, exercícios físicos, drenagem linfática manual e uso de bandagens compressivas – além da possibilidade de tratamentos cirúrgicos, como a lipoaspiração ou excisão manual do tecido adiposo afetado.
Todavia, embora a dieta e exercício sejam capazes de reduzir o peso corporal de maneira geral, o acúmulo desproporcional de gordura associado ao lipedema normalmente é resistente ao emagrecimento, não sendo eliminado mesmo que haja redução do número observado na balança. Por essa razão, o principal objetivo inicial do tratamento dessa condição é evitar qualquer ganho de peso, ou alcançar um peso saudável, especialmente em casos de obesidade, já que o excesso de massa corporal pode agravar o edema e os sintomas da doença. 10,11
O papel dos exercícios físicos no lipedema
Além de contribuir para a manutenção e perda de peso, os exercícios são indicados em casos de lipedema devido a capacidade de aumento da drenagem linfática, redução da ocorrência de edema, melhora da oxigenação do tecido e diminuição da circulação de marcadores inflamatórios. Dessa forma, a prática regular de atividades físicas é um importante aliado, auxiliando a aliviar os sintomas de dor e inchaço e a melhorar a qualidade de vida das pessoas acometidas por essa condição. Todavia, é importante realizar exercícios sob a orientação de profissionais especializados, levando em consideração o estágio do lipedema, presença de dor e tolerância de cada pessoa à prática de atividades físicas. Além disso, uma vez que é comum que pacientes com essa condição apresentem problemas nas articulações, modalidades de baixo impacto devem ser priorizadas.
Os exercícios regulares também desempenham um papel essencial para a saúde mental, auxiliando a reduzir o estresse, ansiedade e depressão que frequentemente são observadas concomitantemente ao lipedema. Ainda, estudos indicam que o uso de roupas compressoras durante a prática de atividades pode auxiliar na melhora da circulação, ajudando a controlar o inchaço e promovendo maior conforto durante os treinos. 9,12–14
Existe alguma modalidade de exercício físico mais indicada?
Atualmente, alguns estudos indicam que modalidades aquáticas são mais indicadas – como natação, corrida aquática, hidroginástica, ciclismo aquático – sendo boas alternativas para pacientes de lipedema, uma vez que promovem baixo impacto para as articulações, e a pressão da água pode auxiliar no processo de drenagem linfática.10
Considerando que a fraqueza muscular é um achado comum em pacientes com lipedema, a realização de atividades como musculação, treinos funcionais e pilates pode contribuir significativamente para o fortalecimento dos músculos e melhora dos sintomas. Além disso, exercícios aeróbicos, como caminhadas, também podem auxiliar no controle de peso. No entanto, atividades de alto impacto, como corrida, pular corda e saltos, que sobrecarregam as articulações, devem ser realizadas com cautela. Isso porque o acúmulo anormal de gordura e a maior sobrecarga articular – características do lipedema – podem aumentar o risco de desenvolver problemas nas articulações. 12,15
Exercícios de baixo impacto como modalidades aquáticas, musculação, treinos funcionais, pilates e caminhadas são mais indicados para as pessoas acometidas pelo lipedema. Exercícios de alto impacto como corrida, pular corda e saltos devem ser realizados com cautela. Imagem adaptada de Shutterstock.com, 2024.
A suplementação pode auxiliar no manejo do lipedema?
Atualmente, as evidências sobre o uso de suplementos para o tratamento do lipedema são limitadas. No entanto, considerando o papel de alguns ativos na redução da inflamação, melhora da circulação e auxílio no controle do peso, é plausível que esses compostos possam oferecer benefícios complementares como parte de um plano de tratamento mais amplo.16
Neste contexto, foi recentemente publicado por dois médicos brasileiros um relato de cinco casos de lipedema em diferentes estágios, com apresentação de melhora significativa da doença apenas utilizando medidas não invasivas e suplementos antioxidantes. Os autores destacaram a importância de um plano de tratamento personalizado, ajustado às necessidades específicas de cada paciente. Semelhantemente, outros estudos já foram publicados mencionando o uso de flavonóides, rutesídeos e outros antioxidantes com atividade anti-inflamatória como possíveis tratamentos adjuvantes para o lipedema.14,17,18
WATTS’UP® é um extrato 100% natural da laranja doce (Citrus sinensis) padronizado em altas concentrações de hesperidina em sua forma mais biodisponível (2S-hesperidina). A hesperidina é um flavonóide com potentes propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, e tem sido utilizada em associação com diosmina para o tratamento off-label do lipedema. Sua ação inibitória em NF-kB inibe a síntese de mediadores anti-inflamatórios e radicais livres, tornando-a um composto de interesse.17–19
Outro flavonóide que pode ser utilizado é a Rutina 70%, uma vez que promove melhora da microcirculação, reduzindo o edema, além de exercer atividade anti-inflamatória e antioxidante.17,18,20
Por fim, ativos que auxiliem na perda ou manutenção de peso também podem ser importantes aliados, uma vez que essa é uma medida indispensável no tratamento do lipedema. Nesse sentido, Slendesta® é um extrato obtido dos tubérculos da batata branca (Solanum tuberosum L.), padronizado em 5% de inibidor de proteinase 2 (PI2), uma proteína que aumenta a disponibilidade de colecistocinina (CCK), peptídeo responsável por sinalizar a saciedade. Dessa forma, esse ativo reduz o apetite e a ingestão alimentar, auxiliando no emagrecimento e gerenciamento de peso. Outros ativos que podem contribuir para a redução do peso corporal incluem a L-Carnitina Base, Gynostemma Extrato (Gynostemma pentaphyllum; 80% gipenosídeos) e Cinnamon Bark (Cinnamomum sp.; 40% polifenóis) 10,16,21–24
O manejo do lipedema exige uma abordagem individualizada, unindo diversas formas de cuidado para promover saúde e qualidade de vida. E você, já tinha ouvido falar em lipedema antes? Explore mais conteúdos em nosso site para continuar aprendendo sobre diversas áreas da saúde e descubra novas formas de cuidar do seu bem-estar!
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